Com redução de média de 15% nas atividades desde a chegada da pandemia de Covid-19 ao País, as indústrias de celulose, papel e papelão de Minas Gerais estão otimistas com a retomada, mesmo que gradual, das atividades econômicas no Estado, especialmente em Belo Horizonte. Ainda assim, é aguardada queda de 10% no faturamento do setor ao final deste exercício.
De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias de Celulose, Papel e Papelão no Estado de Minas Gerais (Sinpapel), Antônio Eduardo Baggio, a recuperação em si deverá ocorrer apenas no ano que vem. É que a crise provocada pelas medidas de distanciamento social em combate ao novo coronavírus afetou fortemente o setor.
“Houve diminuição drástica do consumo e descarte de embalagens, que alimentavam a indústria de reciclagem de papel. Além disso, com menos embalagens descartadas e com o auxílio emergencial do governo, a maioria dos catadores de papel, sem matéria-prima para o trabalho e com restrições igualmente impostas pelas autoridades, acabou não realizando o ofício”, justificou.
E mesmo com o aumento expressivo do consumo de embalagens para entregas, uma vez que os serviços de delivery não chegaram a ser suspensos e tornou-se a única opção para muitos setores, Baggio ponderou que o consumo deste tipo de material não compensou as perdas nos volumes de embalagens recicláveis perdidos por outras atividades.
Conforme ele, a falta de papel e papelão usados para reciclagem está impactando a produção de papel para fabricação de papelão, o que tem acarretado no aumento de prazos de entregas. Além disso, o cenário tem causado também aumento nos custos de produção. Sem contar os fabricantes de embalagens para lojas e o comércio em geral, que foram ainda mais afetados na produção de sacolas e caixas, devido aos decretos de limitação do funcionamento das atividades.
“Uma combinação de fatores, que inclui ainda a forte desvalorização cambial e a influência sobre alguns dos insumos químicos, está fazendo de 2020 um ano perdido. Ainda temos alguns meses que nos permitirão encerrar o ano com os níveis de produção próximos ao do período pré-pandemia, mas ainda abaixo do registrado no ano passado”, afirmou.
Medidas para amenizar os impactos, as empresas recorreram às linhas de crédito e medidas protetivas do governo federal, incluindo a suspensão de contratos de trabalho e redução de jornada. Assim, segundo o presidente do Sinpapel, 25% das empresas do setor chegaram até a contratar novos profissionais, outros 25% tiveram que demitir por causa da baixa nos pedidos e metade (50%) mantém os mesmos níveis de emprego. Ao todo, o setor empregava mais de 30 mil pessoas antes da crise do coronavírus.