Atualmente, o concreto e seus resíduos fazem parte do grupo de materiais que mais poluem o meio ambiente. Em média, 84 milhões de metros cúbicos de resíduos são produzidos no Brasil anualmente, o que já dá uma noção do quanto isso pode ser prejudicial. Felizmente, reciclar concreto é uma opção, e ela pode ser mais viável do que você imagina.
A construção civil é uma das maiores vilãs para o meio ambiente. Em geral, essa é uma atividade que engloba diversas ações, quase todas não sustentáveis. Por exemplo, o concreto comum, que é o material mais empregado em obras brasileiras, é composto de recursos naturais – água, areia, pedras, além de substâncias calcárias e argilosas. Só a extração excessiva destas matérias-primas já é um grande problema, mas o descarte inapropriado da massa fabricada é o que tem gerado mais impactos negativos contra a natureza.
Ainda que não seja tão simples, é possível utilizar os resíduos de concreto para fabricar novas peças estruturais, com boas resistências a cargas e para usos nobres. Primeiramente é importante entender que a extração intensa de areia e britas, os agregados miúdos e graúdos do concreto, respectivamente, exerce um impacto ambiental enorme, ainda que geralmente sejam explorados localmente. Ainda que seja o cimento o material que libere as maiores quantidades de dióxido de carbono para sua produção, buscar a conservação dos recursos naturais ao reduzir a necessidade de mineração de cascalho e areia já é um ganho ambiental enorme, principalmente se pensarmos na quantidade de concreto produzido diariamente no mundo.
Reciclar concreto nada mais é do que usar resíduos de uma construção ou de uma reforma para substituir parcialmente ou totalmente os materiais de uma nova mistura de concreto. Os benefícios disso são inúmeros, principalmente para o meio ambiente. Primeiro, pela redução do uso de recursos naturais. Segundo, pela redução da poluição nas grandes cidades, através de uma menor emissão de gases poluentes na atmosfera.O concreto reciclado é sempre uma ótima solução para o destino dos resíduos gerados pela construção civil e pode ser empregado para as mais diversas finalidades.
Na prática, após a demolição das peças estruturais, é possível triturar o concreto em máquinas especiais, para que os fragmentos sejam posteriormente classificados por tamanho. Metais como vergalhões são aceitos, uma vez que podem ser separados através de grandes ímãs e separados para o destino adequado e posterior reciclagem. Apenas concretos com substâncias contaminantes, como pigmentos, sulfato de cálcio, cloretos e óleos podem trazer prejuízo às propriedades, e não devem ser utilizados como matéria-prima. Sempre que possível, o mais interessante é realizar a trituração no próprio canteiro de obras, o que reduz os custos de construção e a poluição gerada quando comparado ao transporte de material de e para uma pedreira.
Ainda que seja bastante louvável a reutilização dos agregados para a produção de novas estruturas de concreto, é importante mencionar que isso não representa um ciclo fechado de reciclagem do material, já que a nova estrutura não pode ser feita de concreto triturado sem a adição de mais cimento, areia e água. Inclusive, estudos desenvolvidos na Suíça mostraram que o uso de agregados reciclados até pode economizar matérias-primas abióticas (areia de cascalho), mas pode aumentar o consumo de energia e as emissões de gases de efeito estufa se, devido a um maior conteúdo de vazios, mais cimento for usado para fabricar o concreto
Quando abordamos o assunto sustentabilidade, o mais importante é entender a maior parte das variáveis e os fatores que impactam no resultado final. Há diversos pesquisadores focados em tornar o concreto um material mais sustentável e a cada dia surgem novos estudos sobre o tema, seja através da reciclagem, da mistura mais sustentável entre agregados reciclados ou não e mesmo através de processos que tornem a produção deste material menos prejudicial ao meio ambiente.