Para entidade, suporte governamental para um acesso a crédito mais fácil é ponto-chave para a sobrevivência dos negócios. Apesar do recolhimento do lixo ser um serviço essencial, a cadeia que realiza a reciclagem de materiais também foi afetada com o isolamento social.
De acordo com o presidente do Sindicato das Empresas de Reciclagem de Resíduos Sólidos, Domésticos e Industriais no Estado do Ceará (Sindiverde), Mark Augusto Lara Pereira, 95% do setor está parado.
No Estado do Ceará, a maioria dos municípios estão em situação de isolamento social, em Fortaleza passou por isolamento social rígido, um similar do lockdown, para conter o avanço da pandemia do Covid-19, de acordo com as divulgações do Governo do Estado, na capital está controlada a situação, com menor ocupação de leitos e menor número de óbitos.
O Sindiverde por exemplo, seguiu as orientações do Decreto Estadual nº 33.519, que suspendeu o funcionamento das indústrias, desde 20/03/2020, orientando seus associados que naquele momento era preciso um sacrifício por parte do setor produtivo, para que vidas fossem preservadas, tendo em vista que o Estado se esforçava para abrir leitos para atender aos cidadãos infectados.
Segundo Mark, a reciclagem deveria ter sido um dos setores autorizados a continuar operando, mesmo em escala reduzida, por retirarem cerca de 200 toneladas de lixo das ruas todos os dias.
“Se nós fôssemos incentivados, estaríamos tirando outros resíduos das ruas que contribuem para proliferação de insetos e doenças. Somente na minha empresa, tivemos sete afastamentos por Covid-19, nenhum caso grave, mas também tivemos três licenças por dengue”, argumenta.
Até o momento a dificuldade mais acentuada para o segmento de reciclagem no Estado do Ceará é o acesso ao crédito, aliado a queda do faturamento pelo fechamento das empresas. As alternativas de crédito que o Governo Federal vem disponibilizando para ajudar a micro, e pequena empresa a superar esta crise, não encontra amparo nas instituições financeiras, tendo em vista a burocracia, e exigências para concessão do crédito.
Para ele, no retorno, o Governo precisa dar suporte ás empresas, mediando a interlocução com bancos para facilitação do acesso ao crédito que possibilite a sobrevivência dos negócios.
“Esta situação que estamos vivendo se caracteriza pela incerteza, é um período impar na história, nunca antes vivenciado e por este motivo, é preciso cautela e serenidade para enfrentar as dificuldades que certamente surgirão, e acredito que falar em luz no fim do túnel é precipitado, pois o segmento de reciclagem passou mais de 60 dias parado, retornando parcialmente as atividades em 01/06/2020”, relembra.
A retomada iniciou com um protocolo de retorno as atividades de forma responsável, composto por 05 fases, todavia o setor de reciclagem atinge a totalidade do seu funcionamento na 2ª fase, a saber:
- Fase de transição – indústria e comércio operando com 30% dos funcionários, em 01/06/2020.
- Fase 01 – Indústria e comércio operando com 40 % dos funcionários, a partir de 08/06/2020.
- Fase 02 – as cadeias industriais de menor risco sem limitações, operando com 100% dos funcionários, a partir de 22/06/2020, onde se enquadra a indústria da reciclagem, destinação e transformação.
Ao ser questionado como as empresas do norte e nordeste estão se organizando nesse momento, Mark relata que os empresários do norte e nordeste são resilientes e conscientes de que neste novo normal as mudanças foram inevitáveis e precisam rever seus processos, otimizar seus custos e viabilizar novas parcerias para superar as dificuldades trazidas pela pandemia.