O setor que vinha na sua capacidade máxima de trabalho, ou seja, vinha recuperando o máximo que consegue recuperar se vê, em 2019, diante de um cenário de baixo desempenho da economia e, o que aconteceu e ainda está acontecendo foi queda nos preços das aparas. O processo de queda de preços, no caso das brancas, cujo maior consumidor é a indústria de papel de fins sanitários, recebeu uma “ajuda” extra que foi a queda nos preços da celulose.
Em relação as aparas marrons a taxa de recuperação vinha no ponto máximo cerca de 81%. A ABPO indica que a expedição de caixas de papelão vem apresentando um pequeno crescimento de 0,6% no acumulado dos 9 primeiros meses do ano. A produção de papel para embalagens cresce 2,3% no acumulado dos 8 primeiros meses do ano.
As aparas brancas tem um cenário próprio independente do que possa acontecer na economia. O uso de papéis de imprimir e escrever sem pastas está no mínimo estagnado, já o de papéis com pasta, não para de cair. Segundo o IBGE, o segmento econômico que abrange livros, jornais, revistas e papelarias, está perdendo 25% do seu volume em 2019 contra 2018. Por outro lado, a utilização de aparas brancas está diminuindo com a matéria-prima sendo substituída pela celulose, sendo que está depende muito mais do que acontece na Europa do que o que acontece no Brasil, o que acrescenta o fator dólar que, por determinar o preço da celulose no mercado interno, acaba influindo no preço das aparas.
Em 2019 a celulose perdeu US$350 por tonelada na Europa em valor que foi automaticamente repassado para o mercado interno. Esta queda de preços na celulose levou a uma diminuição no consumo de aparas e está jogando por terra todo o esforço feito pelos aparistas para aumentar a coleta de material.
O consumo de caixas está crescendo, mas, isto não impediu o crescimento dos estoques de aparas o que, aliado a estoques relativamente altos de bobinas de papel acabado, permitiu uma queda no preço das aparas marrom. Historicamente, a produção de papel de embalagens está crescendo 18% acima do PIB. Com a previsão de crescimento do PIB em 2010 da ordem de 2%, a expedição de caixas pode ter um crescimento estimado de 2,36%, atingindo o volume de 3,7 milhões de toneladas. A expedição de caixas mostra um mercado mais fraco no início do ano que estará recebendo as aparas geradas ao final do ano, assim, dificilmente teremos aumentos de preços das aparas no primeiro trimestre.
Os incentivos ao consumo oferecidos pelo governo neste final de ano (FGTS, etc.), poderão melhorar o consumo, mantendo a indústria de embalagem ativa ao final do ano o que poderá zerar os estoques de papel e aparas nas fábricas de papel. A atual queda no valor das aparas pode desestimular a coleta, desestruturando a cadeia, o que gera problemas já vividos pelo setor com forte alta de preços, que poderá ocorrer a partir do segundo semestre. O atual nível de preços das aparas no mercado internacional poderá facilitar as importações.