Durante um evento em São Paulo, um experiente pesquisador americano fez a seguinte observação: "Os traficantes de sucata americanos têm o mau hábito de não saber o que alguns números realmente representam dentro da empresa". O comentário foi feito sobre uma realidade local, porém, serve para várias outras regiões do planeta onde a atividade de reciclagem é desenvolvida.
Em Portugal, por exemplo, as empresas de reciclagem têm um compromisso com a Agência do Ambiente de Portugal (APA) de enviar dados mensais sobre as atividades de reciclagem. Para isso, as empresas contam com um sistema padrão que reúne dados como volume de vendas de material, faturamento, valor das mercadorias, entre outros. O sistema coleta apenas os dados exigidos por lei. Muitas empresas não sabem como muitos outros dados e informações se relacionam dentro da empresa.
“Essa situação também acontece no Brasil em empresas que ainda não informatizaram suas planilhas, ou que não possuem uma plataforma única de análise de dados”, diz Leonardo Machado, diretor da Sygecom. Segundo ele, as empresas de reciclagem precisam estar cientes de que a ação "gerenciar" os dados vai muito além do simples ato de coletar. "Nos EUA, Portugal ou Brasil, você só pode saber o que essas dezenas de dados significam usando uma única plataforma dedicada."
Segundo ele, é cada vez mais evidente que a forma como esses dados são tratados dita o ritmo de lucro ou prejuízo das empresas. No caso específico do Brasil e de Portugal onde a expressão “margem de lucro apertada” é uma regra de mercado frequente, a forma como os dados são processados pode até indicar a sobrevivência da empresa.